Um dos pontos altos da minha visita a São Paulo foi a visita a EMIA – Escola Municipal de Iniciação Artística da Prefeitura de São Paulo – para lançar o livro “Arquitetura – a arte de criar espaços”. Uma visita longa – dois dias inteiros! Foi um prazer voltar a essa maravilhosa escola de artes, que foi quase uma casa para mim. Conheci a EMIA primeiro como aluna do curso de formação de professores (meados dos anos 80), e depois como professora de música e violino, fazendo parte de uma equipe formidável de mais ou menos 30 artistas que se tornaram também grandes amigos. Na verdade, a idéia de escrever e ilustrar a coleção “No Caminho das Artes” surgiu a partir da minha experência como professora da EMIA. E por isso foi tão especial voltar lá para falar sobre os meus livros para essa nova geração de crianças.
A EMIA é uma escola de artes para crianças de 5 a 13 anos, que fica no antigo Parque da Conceição (atual parque Lina e Paulo Raia), em São Paulo. O parque é lindo, com àrvores antigas e muito verde. Já de cara meu coração bateu forte quando cheguei na bela casa antiga, com seu chão de taco de madeira e enormes janelas. Parecia até que casa me reconheceu e sorriu para mim. A porta de entrada parecia a mesma de 20 anos atrás, com as mães sentadas por ali esperando pelos filhos batendo papo, lendo ou as vezes fazendo artesanato…. e hoje em dia, também checando mensagens em seus celulares, coisa que ainda não acontecia nos velhos tempos.
Bem ao lado, encontrei as mesmas escadas que levavam a gente para cantinhos especiais do parque, onde às vezes brincávamos com as crianças de fazer ikebanas gigantes, ou de “bate um sério” e tantas outras brincadeiras e artes.
A EMIA é um escola realmente única. Um projeto belíssimo, que inicia crianças de 5 a 13 anos nas artes, a partir da convivência com artistas ativos em suas diversas disciplinas: música, teatro, dança, artes plásticas, etc. Sendo uma escola pública, crianças de diversas classes sociais podem frequentar a EMIA, o que é super legal. Afinal, a diversidade só enriquece a experiência. Na minha época, as aulas de 3 horas de duração por semana eram dadas por duplas de professores. Cada dupla inventava o que ia rolar nas aulas. Sugestões das crianças eram bem vindas! O formato aberto do curriculo proporcionava o espaço perfeito para o fluir da criatividade e para que as crianças participassem ativamente do processo, muitas vezes escolhendo e direcionando o que acontecia. Os professores eram artistas ativos profissionalmente, muitas vezes trazendo para a sala de aula os seus próprios interesses e descobertas no campo das artes. Além das 3 horas por semana com as duplas, haviam várias oficinas optativas que continuam até hoje: aulas de vários instrumentos musicais, grupos de música e teatro, corais, artes visuais etc. Toda quinta feira havia reunião de professores, que eu adorava por que era sempre bom trocar idéias, mesmo quando discordávamos. E as reuniões muitas vezes acabavam em festa, os professores tocando, cantando e dançando… Uma vez por mês havia a “Quinta Artística” com apresentações no auditório abertas a comunidade. Muitas memórias incríveis, e muito aprendizado.
Achei que a EMIA vai indo muito bem. São agora três casas aos invés de uma, e cada àrea tem um coordenador ou coordenadora. Hoje em dia, ao invés das nossas duplas de antigamente, são quartetos – 4 professores, um de cada àrea. E a escola conta com muito mais professores do que antes! Imagino que o número bem maior de professores e o ganho de mais espaços deve ter gerado novas possibilidades de aprendizado e convivência, mas como tudo o que cresce, obstáculos também sempre aparecem. Mas parece que a escola vai seguindo em frente, e obstáculos sempre tivemos e muitos, desde os velhos tempos. Na verdade, todo ano era aquela luta para podermos continuar com o nosso ideal de ensino das artes!
Andando pela escola, ouvi sons de crianças brincando, de vários instrumentos, de cantos… vi trabalhos artísticos geniais feitos pelas crianças e espalhados pela escola, aqui estão alguns exemplos:
No primeiro dia da minha visita, a maravilhosa Maru Ohtani abriu o evento me apresentando para as crianças no auditório da casa principal. Fui então recebida pelo coral das mães, que cantaram e dançaram belas canções.
Foi muito bacana ver que as mães continuam participando da vida da escola, cantando, dançando… Encontrei também alguns outros amigos dos velhos

Conheci também muitos dos novos professores, só gente boa: Marcos Venceslau, Fábio Marques e Valeska Figueiredo, Rosana Bergamasco, Ana Cláudia, Liliana Bertolini, Flávia Ferraz…
Mas voltando ao livro, o evento foi assim: como nas outras escolas paulistas, fiz uma apresentação em que conversei com as crianças sobre Arquitetura. Mostrei várias imagens, fiz e respondi perguntas, mostrei todos os livros. O tema principal foi a arquitetura sustentável. O que achei mais interessante é que dois dos professores (a Valeska e o Fábio) estavam justamente construindo casas sustentáveis parecidas com as que eu descrevo no meu livro. Snao habitações lindas, feitas com pneus velhos, latinhas e garrafas. Como eles tinham a experiência direta fazendo este tipo de construção, eles puderam completar a minha apresentação contando sua própria experiência. Foi muito legal porque as crianças não conheciam ainda essa outra “faceta” dos professores! Algumas crianças compraram o livro com antecedência, e no final da apresentação conversei com elas e autografei vários livros.
E para terminar essa viagem no tempo visitando essa escola tão especial, tenho que agradecer a Liseti Bonamin, coordenadora da àrea de artes visuais, que ajudou a organizar os dois dias de apresentações e conversas; Andrea Fraga, dançarina e diretora da EMIA que possibilitou que tudo isso acontecesse, e especialmente a Maru Ohtani, minha amiga de longa data, que fez tudo isso acontecer com sua energia incrível e sua efervescente vontade de criar momentos legais para todos. Obrigada Maru!
Muito legal! Bom saber que a Emia continua firme e forte, fazendo seu trabalho incrível!
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